Coisas afins
No espaço sem fim
uma estrela me conduz
a muitos universos
Brinca
com as cores e os gestos
Me desperta
e me faz feliz
Me faz sonhar
com tempos
heróicos
Luz
em todas as direções
Sob o espaço sem fim
no recanto débil
do coração
A chama da esperança
No espaço sem fim
o que seria de mim
sem o abraço
do mundo
Abarco dádivas
aqui e ali
Sob o espaço sem fim
vibra a semente
do verbo
Ecos
de paz
tão perto de mim
Nesse universo sem fim
jogo tudo pro alto
e me renovo
num salto
Sem pousar
no fim
ou no começo
da jornada
que abriga
a minha estrela
Nesse espaço sem fim
Sei
Que nada sei
dos escritos nas estrelas
Linhas sem fim
recheadas de sabedoria
No espaço sem fim
Eu e tu
Coisas afins
Nety Maria Heleres Carrion
sábado, 16 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
Filho pródigo__Nety Maria Heleres Carrion
Filho pródigo
Colo a sombra dos meus ais
no solado da vida
onde vibrará sob os passos
descompassados
das rugas dos caminhos
Nada sei do amanhã
O ontem
se desprendeu de mim
Bolhas de ar que chegaram ao fim
sem perguntar se era assim
se eu queria esse fim
para mim
Importa que essa mensagem torta
chegue morta
na reta final
O agora me seduz e libera tudo
que sempre quis
Libera sonho
libera fantasia
libera esperança
aqui e ali
nos croquis da vida
O depois
trará respostas com sentenças
de prós e contras
Alei meus versos para que voem
às terras do sem fim
e voltem sempre
para mim
Dei carta branca aos meus versos
status
amor
liberdade
para que fiquem longe de mim
mas regressem ao ninho
condecorados
pelos troféus e medalhas
nos saraus poéticos da vida
São versos do meu mundo
para o mundo
Abrirei as portas dos meus versos
Terão passaporte vitalício
e quem sabe eterno
para que percorram o universo
e como um filho pródigo
à casa paterna retornem
com vestes brancas
louros e coroas
Condição sine qua non
Que na sombra da noite
ou do dia
se acheguem a mim
sem perdas e danos
para serem acarinhados
após cada missão.
06/04/2011
Nety Maria Heleres Carrion
Colo a sombra dos meus ais
no solado da vida
onde vibrará sob os passos
descompassados
das rugas dos caminhos
Nada sei do amanhã
O ontem
se desprendeu de mim
Bolhas de ar que chegaram ao fim
sem perguntar se era assim
se eu queria esse fim
para mim
Importa que essa mensagem torta
chegue morta
na reta final
O agora me seduz e libera tudo
que sempre quis
Libera sonho
libera fantasia
libera esperança
aqui e ali
nos croquis da vida
O depois
trará respostas com sentenças
de prós e contras
Alei meus versos para que voem
às terras do sem fim
e voltem sempre
para mim
Dei carta branca aos meus versos
status
amor
liberdade
para que fiquem longe de mim
mas regressem ao ninho
condecorados
pelos troféus e medalhas
nos saraus poéticos da vida
São versos do meu mundo
para o mundo
Abrirei as portas dos meus versos
Terão passaporte vitalício
e quem sabe eterno
para que percorram o universo
e como um filho pródigo
à casa paterna retornem
com vestes brancas
louros e coroas
Condição sine qua non
Que na sombra da noite
ou do dia
se acheguem a mim
sem perdas e danos
para serem acarinhados
após cada missão.
06/04/2011
Nety Maria Heleres Carrion
sábado, 9 de abril de 2011
Um poema__Paulo leminski
um poema
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
Paulo leminski
Poemas de Júlio Alves
sim rio
sigo indo
sem margem
sem dentes
júlio alves
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*-*-*-**-*-*-*
tempo mudo
tempo observo
tempo colho
dias passam
anos coleciono
júlio alves
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*-*-*-**-*-*-*
jardim de flores plásticas
beleza estática
borboleta esquizofrênica
poliniza polipropileno
júlio alves
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*-*-*-**-*-*-*
sigo indo
sem margem
sem dentes
júlio alves
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*-*-*-**-*-*-*
tempo mudo
tempo observo
tempo colho
dias passam
anos coleciono
júlio alves
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*-*-*-**-*-*-*
jardim de flores plásticas
beleza estática
borboleta esquizofrênica
poliniza polipropileno
júlio alves
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*-*-*-**-*-*-*
Poemas de Scyla Bertoja
TOM MAIOR
Espalhou aquarelas
de flores tão belas
e amou todas elas.
Brancas, verdes, amarelas.
Amou as mulheres,
amou os amigos,
os bichos, os livros,
as águas de março.
Cantou com Sinatra, com Elis.
A felicidade, a cidade feliz.
E agora, Maestro?
Sem mais, vais embora
como um passarinho.
Cidade cinzenta
chora de saudade.
É o fim da picada.
É o fim do caminho.
Scyla Bertoja
***
HERESIA
No altar a lâmpada votiva
entre lírios brancos
exibe do sagrado a chama perene
alimentando de fé aos iniciados.
vejo teu rosto além do lume
porque a retina alcança além do altar
a visão transcende o limite dos olhos
que encantados foram pelo teu olhar
agora entrego-me à contemplação
beirando heresia endeuso um semideus
embora adivinhe Odisseus ao mastro acorrentado
tendo com cera os ouvidos tampados
libera-te e não temas
ora dormem as sereias
porque de amar e de cantar exaustas
transmutados seus encantos
são apenas conchinhas na areia
afogadas que foram por marés de prantos
Scyla Bertoja
***
CINZA
gosto
mais de janelas fechadas
que não deixam
passar a claridade
nem quero
ver as luzes da cidade
sou como os pombos
dias cinzentos são belos
para mim
passaria meu tempo
de bom grado
arrulhando
sobre velhos telhados
nos fundos
das casas velhas
do Bom Fim
Scyla Bertoja
***
COLETIVO - 2008
Lá na avenida passando
Iluminadas janelinhas
Dos chamados coletivos
Como colares de contas
Feitos de puro cristal
Pra enfeitar a linda imagem
Da noite da capital
E essas mágicas jóias
Vão apinhadas de sonhos
Dramas e tragédias
Amores, dores, comédias
De moços, velhos e anjos
Sem contar alguns demônios
E todos querendo chegar
Com a mesma pressa ao porto
Pois desejo do coração
É o aconchego do lar
“Corre, corre, cria asas,
vai ligeiro, vai depressa,
devora essas avenidas,
queremos voltar pra casa”.
Scyla Bertoja
***
INEVITÁVEL
nasceu agora
desconhece a sede dos desejos
e a fome não sentiu
desses teus beijos
não a tentes, por Deus
anjo inocente, indefeso
lhe ensinarei o medo
repetirei que é cedo
direi que és o demônio
embora saiba
farás o teu ofício à perfeição
e um dia
em teu olhar que seda
com voz macia
queira eu, ou não
ela se encanta
e cede
Scyla Bertoja
***
O DIA – 2000
Maria
amanhecia rosa orvalhada
ao vento da manhã
cedo demais
em plena madrugada
na ânsia de viver
João
pele dourada
mãos calejadas
plantava e colhia
inquieto coração
já era meio-dia
mas havia um lugar
onde o tempo
por passatempo
lhes concedia tempo
para amar
por um momento
ao fim
Maria sol-a-pino
João escuridão
Maria dor e solidão
sem mais tempo
passa o tempo
lembrando João.
Scyla Bertoja
***
ÔNIBUS (agosto/2000)
Meu vizinho tinha um ônibus
que era a coisa mais linda
do meio pra cima, azul
do meio pra baixo, branco
durante a semana, sujo
mas no domingo, tão limpo
que parecia que andava
nas nuvens, sem encostar
nenhuma roda no chão
O ônibus era grande
eu, então, pequenina
que lindos bancos aqueles
para brincar de casinha
e tinha muitos lugares
reservados
para personalidades
que eu havia convidado:
A filha de Dona Rita
que já dançava balé
e o dono do armazém
que tocava acordeão
e seus quatro netos
e a Pina
que era mãe de criação
e o filho da vizinha
que tinha cabelos negros
e bochechas rosadinhas
e que sempre que podia
se atrasava no caminho
para andar junto comigo
e com outras menininhas
chutando as folhas do chão
colecionando pedrinhas
mas, no ônibus,
ele sentava
com a minha melhor amiga
Scyla Bertoja
***
PREOCUPAÇÃO TRANSCENDENTAL Setembro-2001
nasci perfeita
e fui me transformando
mais e mais adiante
fui ficando pior
fazendo tudo errado
ignorante
me ensinaram o bem
fui para o outro lado
aprendi pela dor
e a corrente que leva tudo
também levou meu amor
é hora de voltar
de fazer o contrário da viagem
agora sem bagagem
até me transformar
novamente
na folha branca de Rousseau
quando terminar
receio que a vida
me faça recomeçar
e viver tudo de novo
sucessiva e eternamente
nas tão faladas outras vidas
Scyla Bertoja
***
HUMANA
ora em recônditos nichos
Hamlets rebelam-se
e me exaltam os ânimos
a resolver com um punhal
os problemas da vida
ora um anjo sussurra-me
o salmo vinte e três
e me deixo descansar
em verdes pastos
ao som de coros celestiais
ora me inquieto
e pondero se valeu Perséfone
ser condenada ao Hades
por não ter resistido
a uma doce romã
ora me descubro humana
com um segredo de Midas
a desafiar-me a coragem
a expor minha fragilidade
ora temo
entre orações e poções
a chegada
das monções
Scyla Bertoja
Espalhou aquarelas
de flores tão belas
e amou todas elas.
Brancas, verdes, amarelas.
Amou as mulheres,
amou os amigos,
os bichos, os livros,
as águas de março.
Cantou com Sinatra, com Elis.
A felicidade, a cidade feliz.
E agora, Maestro?
Sem mais, vais embora
como um passarinho.
Cidade cinzenta
chora de saudade.
É o fim da picada.
É o fim do caminho.
Scyla Bertoja
***
HERESIA
No altar a lâmpada votiva
entre lírios brancos
exibe do sagrado a chama perene
alimentando de fé aos iniciados.
vejo teu rosto além do lume
porque a retina alcança além do altar
a visão transcende o limite dos olhos
que encantados foram pelo teu olhar
agora entrego-me à contemplação
beirando heresia endeuso um semideus
embora adivinhe Odisseus ao mastro acorrentado
tendo com cera os ouvidos tampados
libera-te e não temas
ora dormem as sereias
porque de amar e de cantar exaustas
transmutados seus encantos
são apenas conchinhas na areia
afogadas que foram por marés de prantos
Scyla Bertoja
***
CINZA
gosto
mais de janelas fechadas
que não deixam
passar a claridade
nem quero
ver as luzes da cidade
sou como os pombos
dias cinzentos são belos
para mim
passaria meu tempo
de bom grado
arrulhando
sobre velhos telhados
nos fundos
das casas velhas
do Bom Fim
Scyla Bertoja
***
COLETIVO - 2008
Lá na avenida passando
Iluminadas janelinhas
Dos chamados coletivos
Como colares de contas
Feitos de puro cristal
Pra enfeitar a linda imagem
Da noite da capital
E essas mágicas jóias
Vão apinhadas de sonhos
Dramas e tragédias
Amores, dores, comédias
De moços, velhos e anjos
Sem contar alguns demônios
E todos querendo chegar
Com a mesma pressa ao porto
Pois desejo do coração
É o aconchego do lar
“Corre, corre, cria asas,
vai ligeiro, vai depressa,
devora essas avenidas,
queremos voltar pra casa”.
Scyla Bertoja
***
INEVITÁVEL
nasceu agora
desconhece a sede dos desejos
e a fome não sentiu
desses teus beijos
não a tentes, por Deus
anjo inocente, indefeso
lhe ensinarei o medo
repetirei que é cedo
direi que és o demônio
embora saiba
farás o teu ofício à perfeição
e um dia
em teu olhar que seda
com voz macia
queira eu, ou não
ela se encanta
e cede
Scyla Bertoja
***
O DIA – 2000
Maria
amanhecia rosa orvalhada
ao vento da manhã
cedo demais
em plena madrugada
na ânsia de viver
João
pele dourada
mãos calejadas
plantava e colhia
inquieto coração
já era meio-dia
mas havia um lugar
onde o tempo
por passatempo
lhes concedia tempo
para amar
por um momento
ao fim
Maria sol-a-pino
João escuridão
Maria dor e solidão
sem mais tempo
passa o tempo
lembrando João.
Scyla Bertoja
***
ÔNIBUS (agosto/2000)
Meu vizinho tinha um ônibus
que era a coisa mais linda
do meio pra cima, azul
do meio pra baixo, branco
durante a semana, sujo
mas no domingo, tão limpo
que parecia que andava
nas nuvens, sem encostar
nenhuma roda no chão
O ônibus era grande
eu, então, pequenina
que lindos bancos aqueles
para brincar de casinha
e tinha muitos lugares
reservados
para personalidades
que eu havia convidado:
A filha de Dona Rita
que já dançava balé
e o dono do armazém
que tocava acordeão
e seus quatro netos
e a Pina
que era mãe de criação
e o filho da vizinha
que tinha cabelos negros
e bochechas rosadinhas
e que sempre que podia
se atrasava no caminho
para andar junto comigo
e com outras menininhas
chutando as folhas do chão
colecionando pedrinhas
mas, no ônibus,
ele sentava
com a minha melhor amiga
Scyla Bertoja
***
PREOCUPAÇÃO TRANSCENDENTAL Setembro-2001
nasci perfeita
e fui me transformando
mais e mais adiante
fui ficando pior
fazendo tudo errado
ignorante
me ensinaram o bem
fui para o outro lado
aprendi pela dor
e a corrente que leva tudo
também levou meu amor
é hora de voltar
de fazer o contrário da viagem
agora sem bagagem
até me transformar
novamente
na folha branca de Rousseau
quando terminar
receio que a vida
me faça recomeçar
e viver tudo de novo
sucessiva e eternamente
nas tão faladas outras vidas
Scyla Bertoja
***
HUMANA
ora em recônditos nichos
Hamlets rebelam-se
e me exaltam os ânimos
a resolver com um punhal
os problemas da vida
ora um anjo sussurra-me
o salmo vinte e três
e me deixo descansar
em verdes pastos
ao som de coros celestiais
ora me inquieto
e pondero se valeu Perséfone
ser condenada ao Hades
por não ter resistido
a uma doce romã
ora me descubro humana
com um segredo de Midas
a desafiar-me a coragem
a expor minha fragilidade
ora temo
entre orações e poções
a chegada
das monções
Scyla Bertoja
terça-feira, 5 de abril de 2011
Resumo bibliográfico__Vitor Hugo
RESUMO BIBLIOGRÁFICO:
"Logo mais, na restauração,
Uma bandeira tremulará em toda parte, ao lado de todas: A da Paz;
Um idioma se falará junto aos demais: O da Fraternidade;
Um ideal se fará presente no meio dos outros: O do progresso;
Uma Religião única estabelecerá a ponte de união
entre o Homem e Deus: A do Amor Universal...."
Vitor Hugo
"Logo mais, na restauração,
Uma bandeira tremulará em toda parte, ao lado de todas: A da Paz;
Um idioma se falará junto aos demais: O da Fraternidade;
Um ideal se fará presente no meio dos outros: O do progresso;
Uma Religião única estabelecerá a ponte de união
entre o Homem e Deus: A do Amor Universal...."
Vitor Hugo
A música__Charles Baudelaire
A Música
A música p'ra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!
O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame d'um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;
Sinto vibrar em mim todas as comoções
D'um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões
Conseguem a minh'alma acalentar.
— Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrivel me exaspera!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
A música p'ra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!
O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame d'um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;
Sinto vibrar em mim todas as comoções
D'um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões
Conseguem a minh'alma acalentar.
— Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrivel me exaspera!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
Mario Quintana
DESTINO ATROZ
Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.
Mario Quintana (Caderno H)
***
SEMPRE QUE CHOVE
Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!
Mario Quintana - Preparativos de Viagem
***
DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Mario Quintana - Espelho Mágico
***
RECORDO AINDA
Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...
Mario Quintana
***
EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana - A Cor do Invisível
***
O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
***
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.
Mario Quintana (Caderno H)
***
SEMPRE QUE CHOVE
Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!
Mario Quintana - Preparativos de Viagem
***
DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Mario Quintana - Espelho Mágico
***
RECORDO AINDA
Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...
Mario Quintana
***
EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana - A Cor do Invisível
***
O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
***
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
Poemas de Nety Maria Heleres Carrion
Vigília poética
Escalo os picos mais altos
em busca da arte das artes
que se banqueteia
na demência do verso e parte
sem rumo
sem céu e sem chão
que abrigue e dê substância
ao seu dom
Vigio a arte e a arte me vigia
numa vigília poética
sacudida pelas sementes
da poesia
que transpassam quimeras
e pousam nos versos
Nety Maria Heleres Carrion
***
Plenitude
O sábio
atrai a plenitude do pensamento
para dentro do oráculo do templo
enquanto vozes descabeladas
estouram em campo aberto
O sábio
verte conhecimentos e despenca
no ser ou não ser
O sábio
constrói seu estandarte
embasado na meditação
que o leva aos píncaros do deserto
onde abstrai a lógica
e busca fantasia filosófica
da questão
Nety Maria Heleres Carrion
***
SOS
Um novo dia pede passagem
de ida e volta
Um novo dia que o anterior
amorteceu e apagou
A teia de babel risca o céu
dispersa labaredas
enrosca línguas
flamejantes e lança
riqueza ortográfica
sobre as redes vivas
da imaginação
A noite enferma
transporta o peso devastado
da terra
Expectadores inertes
esperam que a terra não vacile
na sua tortuosa trilha
imposta pelo desleixo
de quem a recebeu
por empréstimo
Numerosa platéia assiste
ao desmoronar da terra
que estende
braço amigo e ampara
perplexa
a seus filhos
A terra derrama copiosas lágrimas
sobre seu manto
onde criaturas pensantes
cospem chamas
SOS
nos céus
nas terras
nas águas
pois a terra alegra-se
com sua doação e chora
pelas extravagâncias
Nety Maria Heleres Carrion
***
Linhas
Rabisco linhas
sem princípio
nem fim
esperando que segredem
o que querem de mim
Nety Maria Heleres Carrion
Escalo os picos mais altos
em busca da arte das artes
que se banqueteia
na demência do verso e parte
sem rumo
sem céu e sem chão
que abrigue e dê substância
ao seu dom
Vigio a arte e a arte me vigia
numa vigília poética
sacudida pelas sementes
da poesia
que transpassam quimeras
e pousam nos versos
Nety Maria Heleres Carrion
***
Plenitude
O sábio
atrai a plenitude do pensamento
para dentro do oráculo do templo
enquanto vozes descabeladas
estouram em campo aberto
O sábio
verte conhecimentos e despenca
no ser ou não ser
O sábio
constrói seu estandarte
embasado na meditação
que o leva aos píncaros do deserto
onde abstrai a lógica
e busca fantasia filosófica
da questão
Nety Maria Heleres Carrion
***
SOS
Um novo dia pede passagem
de ida e volta
Um novo dia que o anterior
amorteceu e apagou
A teia de babel risca o céu
dispersa labaredas
enrosca línguas
flamejantes e lança
riqueza ortográfica
sobre as redes vivas
da imaginação
A noite enferma
transporta o peso devastado
da terra
Expectadores inertes
esperam que a terra não vacile
na sua tortuosa trilha
imposta pelo desleixo
de quem a recebeu
por empréstimo
Numerosa platéia assiste
ao desmoronar da terra
que estende
braço amigo e ampara
perplexa
a seus filhos
A terra derrama copiosas lágrimas
sobre seu manto
onde criaturas pensantes
cospem chamas
SOS
nos céus
nas terras
nas águas
pois a terra alegra-se
com sua doação e chora
pelas extravagâncias
Nety Maria Heleres Carrion
***
Linhas
Rabisco linhas
sem princípio
nem fim
esperando que segredem
o que querem de mim
Nety Maria Heleres Carrion
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